O Brasil é um país estranho. Ok, acho que todo mundo sabe disso, não é segredo. E não, não vim aqui falar de política, de gente maluca que fica processando gente na internet por chamar de bobo, nem pseudo-intelectuais que abundam nossa blogosfera, muito menos de crimes com pistolas de Master System. Polícia divulga imagens de rendição de sequestrador
Ontem tive uma pequena conversa com um amigo, que seria um bom blogueiro se usasse melhor seu blog, enquanto eu tentava fazer uma mesa espírita (http://whiplash.net/materias/news_878/084999-killers.html) para tentar encontrar onde foi parar o Rock Nacional. A conversa realmente me abriu os olhos e me ajudou a compor este texto, mas o Rock Nacional infelizmente não existe mais.
Não sou um grande amante da história do Rock no Brasil, muito menos um estudioso que vai aqui apontar tópicos e histórias do passado para o deleite de vocês. Eu vivo no presente, e no momento não há mais do que se orgulhar do rock tupiniquim. Todos sabem que o movimento nacional nasceu das premissas de Woodstock, a ideologia da liberdade, de quebra dos conceitos sociais, de destruição dos paradigmas da sociedade da época. Não preciso dizer que essa ideologia formou boa parte da música no Brasil, e pessoas como Caetano Veloso e Gilberto Gil também foram muito influenciadas pela ideologia em plena Ditadura Militar.
Nos anos 80 houve a reformulação, e surgiu um rock brasileiro, montado dentro das premissas Pop Rock e do Pós-Punk. Assim surgiram as bandas que fizeram a cara do Rock Nacional, a ideologia de todas elas ainda era a mesma. Legião Urbana, Titãs e Paralamas do Sucesso fizeram história e criaram realmente um estilo brasileiro de fazer rock, estilo esse que para mim não existe mais. Vale lembrar que nesta mesma época surgiu o Sepultura, uma das únicas bandas de Metal que realmente teve destaque internacional. Não pretendo falar sobre o Metal aqui, quem sabe em outra oportunidade, seria muito complexo misturar duas histórias tão diferentes.
A derrocada do Rock começou nos anos 90, onde ele foi desfigurado de suas ideologias no pós-ditadura, passando gradativamente de estilo de Rock a uma piada mal feita. Experimentações destruíram a música, bandas como Raimundos e Jota Quest começaram a brincadeira, sendo seguidas por projetos que “acham que são rock mas não são”, como O Rappa e Charlie Brown Jr., e aqui meus caros amigos acaba o Rock Brasileiro enquanto ideologia, enquanto crítica e quebra de paradigmas, e vira mais uma farofa POP pra americano ver.
Na nossa década, não há mais Rock. Os últimos bastiões do ritmo o deixaram. Skank e Los Hermanos estão mais distantes do Rock a partir de 90. Hoje o dito “Rock Nacional” é uma brincadeira de criança, sem ideologia, sem objetivos, sem fundamentos, sem qualidade. Uma cópia perfeita e barata dos novos moldes criados nos EUA. Bandas como CPM22, NXZero e Fresno são uma cópia barata do novo rock adolescente da terra do Tio Sam, tão cópias que até plágios cometeram contra os artistas de lá, o que dizer sobre isso? Moldes vergonhosos, onde a música de corno adolescente do tipo “minha namorada me deixou, vou cortar meus pulsos e me matar!” descreve muito bem o momento.
Não sou contra músicas com temas românticos, histórias de amor, melancolia, etc. Afinal acho que todo mundo já escutou ou escuta músicas do tipo, e não estou me excluindo. Porém há nos bons artistas internacionais do rock algo que se chama variedade, mudança, novas idéias, novas vertentes. Falo de artistas do rock como o Radiohead, que tocam músicas sobre os temas mais variados, e suas obras não são parecidas umas com as outras. No Brasil, nossas bandas só sabem tocar sobre a desilusão do amor... patético!
Além da criatividade, não posso dizer nada de bom da qualidade das músicas. Tema, escrita e som se fundem de um modo a criar a imperfeição, ao melhor estilo Punk, só que sem a crítica social e a revolta anárquica, mas agora com a ira adolescente da briga em família, com amigos e namorada.
Mas não posso, e não irei de maneira alguma, colocar realmente a culpa disso no rock. A música hoje apenas reflete a situação de um povo. A música da Ditadura Militar era crítica, era pesada, mostrava a revolta da população que queria a liberdade, hoje ela reflete a comodidade de uma população apática que acredita que a democracia foi conquistada e não necessita de mais nada. A política hoje no Brasil parece que não pode ser considerada ruim simplesmente pelos tempos ruins do passado. Um erro, que sem dúvidas, vale o preço do país fraco politicamente em que vivemos e da falta de qualidade de nossa música nacional, sobretudo o Rock.
1 comenta ai porra:
Cara, falou tudo!
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